terça-feira, 6 de março de 2018

Entenda por que a Síria vive nova onda de violência extrema após expulsão do Estado Islâmico

(Foto: AFP / ABDULMONAM EASSA)
Os conflitos na Síria não são recentes: desde março de 2011, a população do país vive em meio à guerra. As motivações são complexas e difíceis de se definir, já que forças internacionais tomaram partido e interesses regionais se conflituam, acirrando as tensões. Forças leais ao presidente Bashar Al-Assad, rebeldes, extremistas muçulmanos e potências estrangeiras fazem parte de uma situação complicada de se resolver. 

Desde 2016, o Estado Islâmico (EI) tem perdido território e poder na Síria devido a diversas ações do governo de Assad e seus aliados. Com isso, países e grupos envolvidos, como Turquia, Irã, Rússia, EUA e Israel, xiitas, sunitas, curdos, árabes seculares e radicais islâmicos querem consolidar seus territórios e assegurar interesses. O resultado desse contexto são verdadeiros massacres, como o que tem acontecido em Ghouta Oriental, nas proximidades de Damasco, a capital. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 76% das residências de Ghouta Oriental foram devastadas, com mais de 500 mortos em cinco dias consecutivos de bombardeios. 

(Foto: AFP / STRINGER)
A região vem sendo atacada pelo governo sírio e seus aliados, entre eles, a Rússia e o Irã. O objetivo é a retirada das forças rebeldes que dominam Ghouta desde 2012. A população também sofre com a fome: o pão lá é 22 vezes mais caro que a média do resto do país, mais uma arma da Síria para enfraquecer rebeldes. No último sábado, a ONU aprovou uma resolução de um cessar-fogo de 30 dias na região, a qual foi rapidamente descumprida. 

Contexto histórico da guerra
“A situação na Síria é muito mais complexa do que se pode imaginar”, diz a professora e coordenadora de atividades do curso de Direito da Unichristus, Silvana Melo. Para entender como o conflito chegou até onde está, é preciso saber de suas origens, em 2011. Nesse ano, muitos sírios se queixavam de um alto nível de desemprego, corrupção em larga escala, falta de liberdade política e repressão pelo governo de Bashar al-Assad, que havia sucedido seu pai, Hafez, em 2000. O governo foi extremamente repressivo com os protestos, prendendo e torturando manifestantes. “Foi uma situação de protestos que virou uma guerra civil”, explica Silvana. 

Crianças recebem tratamento após suposto ataque químico (Foto: AFP / HAMZA AL-AJWEH)
O conflito, que começou com ares políticos, deu espaço para diversas questões, como a religião. O Daesh, também intitulado como Estado Islâmico, nome pelo qual ficou mais conhecido, é um grupo religioso extremista que ganhou destaque dentro do embate por atos de terrorismo. Foi considerado um dos principais inimigos e responsável pela extensão da guerra. 

O grupo realizou ataques terroristas em todo o mundo. Em 2015, o EI dominou metade do território da Síria após ocupar a cidade de Palmira, onde enfrentou e massacrou uma tribo de rebeldes. A derrubada do grupo foi prioridade dos EUA no governo de Donald Trump, que, para isso, se aliou até mesmo à Síria, antes sua adversária na luta. Estima-se que hoje o Daesh controle apenas 3% do território sírio.

Outros conflitos
Além dos bombardeios em Ghouta Oriental, outros conflitos acontecem dentro do território sírio por outras razões. “São várias guerras dentro de uma guerra”, resume a também professora do Grupo de Estudos em Direito e Assuntos Internacionais (Gedai). Nas fronteiras com a Turquia, um conflito incessante entre o exército turco e curdos que lutaram contra o EI também recebe intervenções internacionais.
(Foto: AFP / HAMZA AL-AJWEH)
A luta se dá porque os curdos, um grupo étnico do Oriente Médio, querem fundar um estado independente, o Curdistão. A Turquia, por outro lado, quer impedir que isso aconteça para reafirmar seu território. Os curdos pediram ajuda da Síria nesse embate, que cederam os YPG (Unidades de Proteção Popular, na tradução da sigla). Na semana passada, o exército sírio conseguiu tomar Afrin, no noroeste da Síria. A guerra, no entanto, segue.

A posição dos EUA é instável durante a guerra. Após ter se aliado à Síria para derrotar o EI, os norte-americanos se voltaram contra o país após suspeitas de que os sírios estariam utilizando armas químicas, um apoio mal visto no contexto mundial de terrorismo, principalmente para um país do Conselho de Segurança. A demonstração da virada de lado não foi nem um pouco sutil: no ano passado, a potência bombardeou exércitos sírios em Deir az-Zour, algo que aumentou as tensões já acirradas.

Dificuldades de resolução
Uma controvérsia que permeia a guerra é a presença das potências internacionais Rússia e Estados Unidos, historicamente adversários. Uma pacificação na região por meio da ONU é difícil, já que esses se encontram em lados opostos da luta e ambos possuem poder de veto no Conselho de Segurança. 

Crianças esperando atendimento médico (Foto: AFP)
Segundo estimativas do Centro Sírio de Pesquisas Políticas (SCPR, na sigla em inglês), 470 mil pessoas já morreram desde o início da guerra civil síria, em 2011. Hoje, mais de 13,1 milhões de sírios precisam de ajuda humanitária. Para Silvana Melo, é importante que as pessoas conheçam diferenças conceituais para que refugiados não sejam estigmatizados. “Islã é diferente de terrorismo”, explica. 

A guerra na Síria é longa e não tem perspectiva de paz no momento, na opinião da professora. “Enquanto houver influências regionais e internacionais, a guerra tem tendência a perdurar, e quem sofre mais são os sírios”, lamenta. “As partes deveriam abrir diálogo, mas é só guerra por cima de guerra. Para haver paz, todos os países têm que querer paz”, completa.

Casa desaba e outras 15 são interditadas em Itatiaia; carro fica soterrado

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Rua 3, bairro Jardim Itatiaia (Foto: Enviada pelo WhatsApp)
Itatiaia –A chuva que atingiu a região no início da noite de quinta-feira (14), provocou o desabamento de uma casa e a interdição de outras 15 no bairro Vila Niterói, em Itatiaia. Entre as consequências da tempestade estão: deslizamentos de terra, queda de árvores e postes de energia elétrica, e ruas alagadas na área central da cidade e também no bairro de Penedo, o que causou a perda de móveis e até alimentos em algumas casas atingidas. A Defesa Civil atendeu mais de 10 chamados. Apesar do número de ocorrências, ninguém ficou ferido.
A casa que desabou ficava na Rua Otacílio José de Souza, e na queda acabou soterrando o carro da família que morava no imóvel. Eles conseguiram sair antes do desabamento e estão na casa de parentes em Resende. Na mesma rua, um poste tombou sobre os fios da rede elétrica. A Ampla – concessionária responsável pelo fornecimento de energia – foi acionada e na manhã desta sexta-feira (15) já havia resolvido o problema.
(Foto: Renato Sitta)

Além da família que perdeu a casa no desabamento, os outros moradores que tiveram seus imóveis interditados foram levados para a casa de familiares.
O estudante Kaio Reis contou que a água atingiu a casa dele e deixou estragos.
– Perdemos o rack da sala e alguns alimentos. Nossa casa ficou alagada, moro há 15 anos no bairro e isso nunca tinha acontecido. A perda não chegou a ser maior, pois conseguimos levantar o restante dos móveis e eletrodomésticos – comentou.
E se a casa de Kaio, que fica na parte superior do terreno já foi atingida pela água, o tio dele que mora embaixo teve mais prejuízos como infiltração nas paredes dos cômodos e piso, que acabou estragando.
– Eu estava trabalhando na hora da chuva, quando cheguei em casa me deparei com o meu quintal todo alagado. Como a minha residência fica na parte de baixo do terreno, perto do córrego, a água invadiu, danificou meus móveis, minha compra do mês ficou toda molhada e minhas galinhas morreram afogadas. Meu filho estava em casa e conseguiu salvar os cachorros – disse o morador Alexandro Mendes da Silva, que contou que a água chegou a aproximadamente 1,40 m.
Bairros mais atingidos
Segundo o levantamento divulgado pela Defesa Civil, na área central, os bairros mais prejudicados pela chuva foram o Centro, Vila Niterói e Vila Esperança, onde foram registrados deslizamentos de terra. Por causa do forte volume de água das chuvas, o trânsito ficou prejudicado em alguns pontos da cidade e os condutores tiveram o auxílio da Guarda Municipal.
– A Defesa Civil está em alerta para atender todo o município nas chuvas deste período. Estamos focados em proteger a vida dos moradores, por isso pedimos a ajuda da população para que nos avisem em caso de alagamentos, queda de encostas e de rede elétrica – disse o diretor da Defesa Civil, Renato Henriques.
A orientação da Defesa Civil é que os moradores priorizem a vida, evitando tentar salvar objetos ou bens materiais, e que em casos de alagamentos ou deslizamentos, devem sair imediatamente do local, mas de preferência ter em mãos a documentação pessoal. E depois se abrigar na casa de parentes ou amigos.
Na manhã desta sexta, equipes da Secretaria Municipal de Obras realizaram a limpeza de vias e áreas onde ocorreram deslizamentos, além de fazerem a retirada de árvores caídas, que interrompiam o trânsito. Nas áreas onde os deslizamentos representam maior risco, a secretaria enviará uma equipe de geólogos e engenheiros para fiscalizar o local e definir as estratégias a serem tomadas.
– Estamos emprenhados para limpar a cidade e aliviar os transtornos causados pelas chuvas – frisou o secretário de Obras, Dejair de Aguiar.
Assistência Social inicia 
cadastro de desalojados
A Secretaria Municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e Habitação de Itatiaia enviou equipes aos bairros Vila Niterói e Penedo para cadastrar as famílias desalojadas, para atender as necessidades imediatas dessas pessoas. Segundo o secretário, Ebison Diettrich, o objetivo é ajudar as famílias.
– Nosso objetivo é ajudar e encontrar formas de minimizar os problemas de quem perdeu sua casa até que consigam voltar à rotina. Nossa prioridade agora é verificar se além da Vila Niterói, existem mais famílias nessa situação e que tipo de serviço precisam – salientou.
Em Penedo as principais avenidas ficaram alagadas. O Rio das Pedras transbordou, alagando as ruas centrais do bairro. Também foram registrados deslizamentos de terra na África I e Jambeiro II e a queda de uma árvore sobre a rede elétrica.
(Foto: Renato Sitta)
Sujeira: Na manhã desta sexta-feira era possível ver o estrago que a chuva causou em Penedo
O comerciante Jessé Teixeira acredita que o transtorno da chuva no bairro é devido à invasão das pousadas e casas residenciais no espaço do rio, que de acordo com ele possuía 12m, agora tem 4m, dificultando o escoamento da água e causando alagamentos. Ele relatou ainda que com a chuva de quinta perdeu objetos de sua loja.
– Pousadas e casas invadiram o espaço do rio, estreitando de 12 metros para em alguns lugares 4 metros. A água não tem para onde ir e causa alagamentos. Eu perdi alguns objetos da minha loja neste temporal, mas não chegam a 20%, porém conheço comerciantes do ramo de tecidos e alimentação que ficaram mais prejudicados. Além disso, isso afeta a imagem de Penedo, o que pode causar a diminuição do fluxo de turistas, ainda mais neste período de férias e Carnaval, quando recebe bastante turistas da região e de fora – opinou, acrescentando que os alagamentos são recorrentes.
– Não adianta asfaltar as ruas porque os alagamentos são recorrentes. Sempre que a chuva vem, destrói tudo. Se não tomar as providências, não adianta. Esse alagamento aconteceu no melhor período para os comerciantes de Penedo – finalizou.
Na região de Visconde de Mauá, não houve ocorrência de deslizamentos. Algumas áreas tiveram pontos de alagamentos, mas sem gravidade, de acordo com a prefeitura. Um caminhão perdeu a direção e caiu de uma ponte num local conhecido como Vale do Pavão, no entanto não houve feridos. Nas Vilas de Maringá e Maromba a administração pública disse que está dando todo o suporte aos moradores atingidos pelas chuvas.
(Foto: Enviada pelo WhatsApp)
(Foto: Enviada pelo WhatsApp)
(Foto: Enviada pelo WhatsApp)
(Foto: Enviada pelo WhatsApp)
Penedo
No bairro Marechal Jardim, um veículo ficou soterrado após um deslizamento de terra. O Rio das Pedras transbordou e causou alagamentos de várias ruas da região central e bairro Formigueiro. As avenidas Brasil e das Mangueiras também ficaram inundadas.
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Um das principais ruas de Penedo ficou inundada com a chuva
(Foto: Enviada pelo facebook)