quarta-feira, 25 de abril de 2018

Como a milícia se infiltrou na vida do Rio




A milícia, que parece estar por trás da metade dos assasinato de nove pré candidatos e vereadores na Baixada atua há décadas no Rio de Janeiro e controla cerca de 170 regiões no Estado. Originalmente instituídas como patrulhas de segurança contra traficantes, estas gangues integradas então por policiais, bombeiros e agentes penitenciários, eram até bem vistas pela população e as autoridades. Hoje, explica o delegado Alexandre Herdy, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, “a única motivação deles é o lucro”.
Esse lucro não costuma vir das drogas, como no caso do tráfico, mas da extorsão dos moradores dos quais os milicianos cobram taxas por serviços básicos como água, gás, transporte alternativo, venda de imóveis, sinal clandestino de TV, Internet e, claro, segurança. A mensagem é clara: quem não paga não está seguro. O miliciano tenta representar o Estado dentro das favelas. “Pessoas com esse perfil, de cuidador da área, perceberam rapidamente que podiam ganhar dinheiro com isso. Começou com a ideia romântica de proteger a população, até o dinheiro chegar e entenderem a morte como negócio”, explica o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que investiga se a milícia está por trás dos assassinatos.
Os milicianos, que tradicionalmente têm mais poder na Zona Oeste da capital, estão hoje tentando penetrar na Baixada, deixando um rastro de violência em seu passo. O delegado Lages acompanha com o dedo o hipotético percurso que esses grupos estão fazendo para entrar na região, marcado com uma fileira de alfinetes vermelhos em um enorme mapa na parede. Cada alfinete é um morto. “A morte entra nesse cenário quando a pessoa da comunidade se opõe à milícia ou quando há um racha num grupo atuante nessa região”, explica Lages. Assim como na máfia, a morte é um recado. “Por isso matam com esses requintes de violência, à luz do dia, sabendo que há câmeras”, completa Lages.


Uma década atrás, os integrantes das milícias – hoje em dia com um perfil mais civil, mas que acolhe de ex-policiais a ex-narcotraficantes – posavam nas fotos de campanha com políticos de alto escalão, se candidatavam e até governavam. Em 2010, por exemplo, causou polêmica a divulgação de imagens e um vídeo gravado em 2007 onde o ex Governador Sergio Cabral (PMDB) inaugurava uma rede de abastecimento de água junto a dois líderes do mais poderoso grupo paramilitar da cidade. Os colegas políticos, o então vereador Jerônimo Guimarães, do PMDB, e o deputado estadual Natalino Guimarães (ex-DEM), foram condenados, posteriormente, a dez anos de prisão, em um presídio de segurança máxima, por formação de quadrilha.
O compadrio começou a deixar de ser tão bem visto a partir de 2008, quando um grupo de milicianos torturou dois repórteres e um motorista do jornal fluminense O Dia que investigavam, precisamente, os vínculos entre milícia e candidatos em uma favela carioca. O escândalo, que estragou para sempre a vida das vítimas que tiveram que fugir do Rio, deixando tudo sem olhar para trás, marcou um antes e um depois na condescendência pública com os milicianos, que optaram pelos bastidores da vida política.
Desde aquele ano, mais de 1.100 integrantes da milícia foram presos, entre eles 219 policiais militares, um deputado estadual e 791 civis, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Rio. Também em 2008, foi concluída uma Comissão Parlamentar de Inquérito das Milícias na Assembleia do Rio, liderada pelo deputado estadual Marcelo Freixo, desde então ameaçado de morte, e que indiciou mais de 250 pessoas. O poder ainda visível da milícia se explica, segundo Freixo, porque as autoridades se concentraram em prender, mas não cortaram suas fontes de renda.
Para o delegado Lages, a entrada dos milicianos em áreas como a Baixada Fluminense se explica, em parte, pelo abandono do Estado. “Nos bolsões de pobreza há uma ineficiência total do Estado, inclusive na segurança. Na Baixada [onde mora cerca de 23% da população do Estado] tem menos policiamento que na Zona Sul”, explica o delegado. “Onde o Estado não consegue chegar, o crime acaba preenchendo o vácuo. Aqui impera o olho por olho. É nesse contexto que os criminosos prosperam.”
Com outras palavras, um morador de Caxias explica porque considera a milícia “um mal necessário”: “Os 'Direitos Humanos' tratam como cidadão o criminoso e um policial que dispara contra um ladrão tem que responder a um processo. Assim a polícia prefere não se envolver e surgem grupos que protegem a população e que fazem o trabalho sujo. É uma Justiça paralela, eu sei que não está correto, mas infelizmente é o que nos resta.”

Duas crianças seguem internadas na UTI após carro invadir creche em Chapecó

Duas crianças atingidas pelo carro que invadia uma creche continuam internadas em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do Hospital Regional do Oeste, em Capecó De acordo com o boletim médico divulgado às 10h desta quarta-feira, elas seguem em estado grave mas estão melhorando gradativamente.
Ambas as crianças internadas têm cinco anos de idade, sendo uma menina que teve hemorragia na cabeça e um menino que foi diagnosticado com traumatismo craniano após o atropelamento. No momento do boletim desta manhã, ele estava conversando com a equipe médica e ela repousava após ter a hemorragia controlada. Ainda não há previsão para que elas tenham alta.
Outras quatro crianças também ficaram feridas com o atropelamento. Elas permaneceram em observação no Hospital Materno Infantil até a noite de terça-feira, quando puderam retornar para casa.
Detalhes sobre o atropelamento
A sala onde estavam 24 crianças de 4 a 5 anos, que fica num patamar mais baixo do que a rua, foi  invadida por um Chevrolet Montana com placas de Chapecó na tarde de terça-feira. O carro derrubou a grade, quebrou a porta de vidro e entrou cerca de 12 metros na sala, deixando pelo menos oito crianças feridas, segundo boletim policial.
De acordo com o soldado da Polícia Militar Thiago Lauschner, o motorista foi submetido ao exame de bafômetro e foi constatada embriaguez. Ele foi levado para a Central de Polícia, onde iria permanecer preso.