Ministério Público estadual quer vigilância redobrada nas fronteiras e nos aeroportos para impedir a fuga de sete denunciados
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| Bolsonaro, miliciano Adriano e Flavio Bolsonaro, amigos para sempre |
RIO - O Ministério Público estadual pediu à Polícia Federal que seja
emitido um alerta à Interpol para incluir os sete foragidos da Operação
Os Intocáveis em sua lista de procurados. O principal nome é o de
Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Batalhão de Operações
Especiais (Bope), acusado de ser o chefe da milícia de Rio das Pedras,
na Zona Oeste. A caçada à quadrilha teve início na última terça-feira,
quando o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado
(Gaeco) do MP do Rio, com o apoio da Delegacia de Repressão a Ações
Criminosas Organizadas (Draco), deflagrou a operação para desarticular o
grupo paramilitar, considerado um dos mais perigosos da cidade.
Na operação, promotores e policiais tentaram cumprir 63 mandados de
busca e apreensão nas residências de 13 suspeitos e em locais
considerados possíveis esconderijos. Um dos endereços visitados foi o da
associação de moradores da comunidade, que é, segundo a investigação,
controlada pela quadrilha. Seis pessoas foram presas.
Além de Adriano, são procurados Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba;
Fabiano Cordeiro Ferreira, o Mágico, Marcus Vinícius Reis dos Santos, o
Fininho; Geraldo Alves Mascarenhas; Júlio Cesar Veloso Serra; e Daniel
Alves de Souza. Todos já foram denunciados pelo Ministério Público
estadual por organização criminosa armada, homicídio, grilagem de terras
e agiotagem.
Caso Marielle
Os promotores estão analisando as provas apreendidas nos locais das
buscas, que foram autorizadas pelo 4º Tribunal do Júri. O que mais chama
a atenção é a grande quantidade de documentos de transações
imobiliárias e cheques, encontrados em dois cofres. Um deles estava no
apartamento 601 do Condomínio Moradas do Itanhangá, que funcionava como
escritório dos milicianos. Nele, foram achados 200 cheques e R$ 50 mil.
No apartamento de cima, o 701, morava Laerte Silva de Lima, acusado de
ser o agiota do bando. Ele também foi preso.
Um outro cofre foi apreendido na Associação de Moradores de Rio das
Pedras, com cerca de R$ 70 mil, além de vários documentos de promessa de
venda de imóveis, que tinham o aval dos dirigentes da entidade. Para os
investigadores, há indícios de que a associação servia como uma espécie
de “cartório” para dar uma fachada de legalidade aos negócios ilícitos
da milícia. Como os imóveis da favela não têm escritura, por serem áreas
invadidas, era Beto Bomba quem dava o aval para esquentar a
documentação irregular, com precários títulos de propriedade assinados
por ele e seus cúmplices.
Segundo a denúncia, Beto é responsável também por ter uma rede de
ligações com políticos e funcionários públicos, e, por isso, conseguia
informações sobre operações policiais ou de fiscalização na favela.
Para os investigadores, a disputa de terras na região pode estar por
trás dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista
Andrson Gomes, em 14 de março do ano passado. Ela estaria atuando na
regularização fundiária de terrenos ocupados por moradores de
comunidades da Zona Oeste.